quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CGU APONTA INVIABILIDADE DO MONOTRILHO EM MANAUS

Problemas apresentados são tantos que colocam em risco a realização da Copa do Mundo em Manaus. Trens superlotados, baixa velocidade e custo alto da tarifa.

Manaus - A Nota Técnica 2476 da Controladoria Geral da União (CGU) sobre o monotrilho em Manaus mostra a inviabilidade do projeto em todos os aspectos, principalmente porque  a sociedade vai pagar muito caro por um sistema de transporte que não funciona bem em nenhum lugar do mundo onde foi implantado e que corre o risco de não ficar pronto até a Copa de 2014.

A CGU comprova que o sistema terá trens superlotados,  baixa velocidade e que o usuário vai pagar duas vezes, uma como passageiro e outra como contribuinte de impostos, em forma de subsídios que o Estado será obrigado a dar para que a empresa operadora não tenha prejuízos.  A previsão do governo estadual é de uma tarifa de R$ 2,50 para os usuários exclusivos do monotrilho e de R$ 3,50 para os usuários do Passa Fácil (monotrilho e ônibus),  com repasse de R$ 1,70 para o monotrilho. “Se de fato a tarifa do monotrilho se mantiver tal como sugerido, é de se esperar um alto aporte de subsídio do governo do Estado para a manutenção do sistema”, diz a nota.

A CGU considera que o preço de R$ 1,3 bilhão  do monotrilho, projeto idealizado pelo ex-governador do Estado e senador eleito, Eduardo Braga (PMDB), está subestimado. Ou seja, o custo  dos 19,9 quilômetros alcançaria R$ 2,23 bilhões, 71% acima do inicialmente estimado. “Tudo leva a crer que este projeto (...) necessitará de aporte adicional de recursos, em valores que poderão dobrar o montante inicialmente previsto. Tal fato caracteriza risco do empreendimento não ser concluído, em decorrência da incapacidade do ente (Estado) de contrair novos financiamentos”, diz.

A experiência mundial demonstra custos iniciais de R$ 70 milhões por quilômetro, que sofrem elevação para cerca de R$ 130 milhões por quilômetro. Em Osaka, no Japão, chegou a R$ 344 milhões.

De acordo com a CGU, o número de trens do projeto de Manaus é insuficiente para atender a demanda de passageiros, prevista para 20 mil pessoas por hora nos horários de pico, em cada sentido, a uma velocidade de 36 quilômetros por hora, com intervalos de 3 minutos e 23 segundos, com 88% em pé e seis passageiros por metro quadrado. Na realidade, diz a nota, o que vai acontecer, mantido o atual projeto, é que o monotrilho terá capacidade para transportar 9 mil passageiros por hora em cada sentido (menos da metade do previsto).

A nota técnica da CGU cita posicionamento do Institute for Transportation & Development (ITDP), Organização Não Governamental de promoção de políticas públicas de transporte sustentável, em relação ao monotrilho como sistema de transporte: “Ao invés de tornar-se a ‘Nova Era’ do transporte público, os monotrilhos têm se mostrado, invariavalmente, uma história de corredores limitados que provam que são insustentáveis financeiramente.” E mais: “Excetuando-se os parques e os zoológicos, existem atualmente 13 sistemas de monotrilhos em funcionamento (...) Contudo, nenhum destes sistemas possui capacidade de transporte superior a 5 mil passageiros por hora em cada sentido”.

A CGU mostra, ainda, que de acordo com o Edital da Concorrência, o prazo para execução das obras, contado a partir da Ordem de Serviço, será de 40 meses, mais seis meses de testes. Considerando que se está a menos de 46 meses da abertura da Copa de 2014, “fica evidente o risco do empreendimento não estar concluído para o evento”. A construção do sistema de transporte coletivo público de Manaus é uma das condições da Fifa para realizar jogos da Copa na cidade.


TCU e MPF investigam obras da Copa
O Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF) estão investigando superfaturamento nas obras da Copa do Mundo de Futebol de 2014 em Manaus. A informação foi publicada no jornal O Globo, que apontou que a construção da Arena da Amazônia e a implantação do monotrilho da cidade teriam sobrepreço total de R$ 749 milhões.

As duas obras somam R$ 1,891 bilhão. O MPF viu sobrepreço de R$ 686 milhões na obra do monotrilho, cujo orçamento é de R$ 1,3 bilhão. Na obra da Arena, orçada em R$ 591 milhões, o órgão investiga sobrepreço de R$ 63 milhões.

Atendendo a uma recomendação do MPF, a Caixa Econômica Federal vetou o financiamento para a construção do monotrilho. De acordo com a Caixa “as falhas na licitação  podem causar danos drásticos aos cofres públicos, tais como, paralisação de obra, supefaturamentos, aditivos contratuais ilícitos”.
Na obra da Arena, o TCU, com base nas informações do MPF, mostrou que a maior parcela do sobrepreço se refere aos itens de estrutura metálica da cobertura e da fachada. Também foi apontada uma quantidade elevada de horas para a utilização do serviço de guindastes.

Contribuiu para o aumento de preços a inclusão de serviços de naturezas diferentes no mesmo edital que poderiam ser licitados separadamente, proporcionando redução potencial de R$ 9,5 milhões, de acordo com o relatório da auditoria encomendada pelo TCU.

Em  setembro, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) solicitou ao Governo do Amazonas informações sobre o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), requisito primordial para a obtenção do aval do órgão do Ministério da Fazenda para que a Caixa analise o financiamento.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

HISTORIADORES: OS PROFISSIONAIS QUE PODEMOS SER

EDITORIAL DA ANPUH

A iniciativa da ANPUH de mobilizar seus filiados para acompanharem o projeto de lei sobre a profissionalização de “historiador”, apoiando-o, é ótima. Surgir no Brasil oficialmente a figura do “historiador” poderá, talvez, ajudar as pessoas a aceitarem que o historiador é o melhor para ser contratado e/ou concursado para fazer algumas atividades que outros profissionais exercem.
Em 2007, na ANPUH de São Leopoldo, houve uma mesa sobre "espaços de atuação do historiador". O historiador editor da Revista de História da Biblioteca Nacional esteve na mesa, falou pela revista – uma iniciativa exitosa e criteriosa, que vende em banca de jornal para um leitor formado e não-especialista. É um campo de atuação, o qual exige que jornalistas e historiadores troquem seus conhecimentos. Por que não? Onde estudei, na UFMG, há uma rádio educativa, cuja produção é sedenta de divulgação de conhecimento, estima a colaboração de historiadores e de outros “cientistas”. Alunos e professores dos cursos de Educação, Geografia, Educação Física, Filosofia, Letras, Direito todos têm iniciativas lá. Já os historiadores, por iniciativa própria, praticamente não aparecem! Por quê?
Claro que para rádio, televisão, revistas de grande circulação, cinema etc., teríamos de ter alguma formação mínima nessas mídias, da mesma forma que temos uma robusta formação para a mídia “livro” para sermos escritores de livros. Olhemos para o lado: há muita universidade onde há uma rádio e uma televisão de caráter educativo-cultural! Não podemos integrá-las a nosso fazer? Não é o caso de pensar com mais dedicação em difundir o conhecimento histórico como maneira de formar também, ou ajudar a oferecer sentido para pessoas não-especialistas que querem nos ouvir/ler?
Há uma enorme dependência da História quanto ao livro. Isso é lugar comum dizer. Tudo bem que a História se concebe a partir da verificação de autenticidade e valor de documentação e sua produção se faz a partir de dispositivos de organização e de crítica de documentos que são textos. Creio que podemos ajudar a melhorar a consciência pública – se não acreditasse nisso seria difícil viver. Não é isso que fazemos dia a dia com nossos alunos? Mas será mesmo que o que “nos constitui”, nossa “única verdade” é escrever livros e fazer conferências para nós mesmos? Isso é importante para o intercâmbio de idéias, para o dispositivo de funcionamento do campo científico, sem dúvida! O conhecimento requer o livro, mas não é pouco achar que só aprendemos e/ou ensinamos por ele? Serge Gruzinski esteve em 2008 na UFMG fazendo palestras. A certa altura, ele falava do embaraço de historiadores franceses prestando consultorias para exposições, e levantava um livro, repetindo: "a gente só sabe escrever livros...". Se atuarmos em outras atividades isso vai nos fazer necessariamente menos criteriosos e com menos qualidades?!
Nossos cursos não poderiam incorporar uma ou outra disciplina de Artes Visuais, Cinema, Comunicação etc., como matérias eletivas e/ou optativas? Por que não? Não poderíamos ter pequenos “núcleos de formação” dentro das grades de nossos cursos que envolvessem disciplinas que nos ensinassem o que é “fazer roteiro”, “editar imagens e sons”, “montar um filme”, “escrever e editar jornal e revista” etc.? Não seria possível que os cursos de História incorporassem como trabalho final o video-documentário, o filme, o programa de rádio, um plano de proteção de patrimônio com fotografias, um roteiro de peça de teatro, um artigo de revista? O aluno teria de ler e escrever para chegar a esses “produtos”, mas escrever para ler não seria um fim em si mesmo.
Não falo isso tudo para derruir o que já existe consolidado em nossos cursos de excelência acadêmica. De jeito nenhum! Há anseios para mudanças, mas esbarramos sempre nas "tradições da história". Se for para profissionalizar e ficar no ler, discutir e avaliar por escrito, francamente, não sei se andaremos muito! Ficaremos onde estamos, o que é conquistado dia a dia a custa de muito esforço: mas os cursos só saberão formar alunos para serem professores outra vez! E olha que nem estou falando de serem professores de escolas fundamental e média, o que é uma outra longa conversa. A formação sólida tem de continuar existindo: podemos nos propor a atuar em outros espaços porque somos consistentes. Tenho orgulho de sair de um curso de História com nível de excelência. Há muito já incorporamos o cinema, a fotografia, o rádio, a revista etc., como objetos de análise. Não será hora de adotá-los como instrumentos de nossas práticas, abrindo a possibilidade de historiadores poderem fazer filmes, rádio, revistas – ou colaborarem aí, quando convocados? Pois então: façamos!!!! Tenho profunda impressão de que esse mínimo deslocamento faria muito bem a nós, revalorizando-nos, e, quem sabe?, melhorando nossa estima e reconhecimento social. Não podemos atuar em espaços de difusão de conhecimento que há muito tempo são de nossa vida, como rádio, televisão, jornais, revistas, cinema, internet etc? Há riscos aí? Claro, mas onde não há riscos?
Com a profissionalização de “historiador”, passaremos a constar, talvez, nos editais de concursos públicos de modo geral, e pode ser que isso ajude a que as pessoas se aproximem da História como algo que faz sentido. O fato de sermos inexistentes, quando não inúteis, para a grande maioria das pessoas, não acredito que agrade a maioria de nós. Não seria interessante partir para uma ofensiva de ocupar espaços onde podemos atuar, relativizando premissas de há muito assentadas que fundaram um dia nossa disciplina?
O movimento pela profissionalização é um bom momento para pormos questões sobre nossa formação. Há resistências da parte de colegas tentando garantir lugares e reforçando paradigmas? Claro, e isso é legítimo. Mas problema não é só esse. Se nos ausentamos dos espaços em que poderíamos estar atuando, e reclamando de que outros profissionais os ocupam, ficamos ressentidos. Acho natural que haja resistências, porque há muita caricatura, perfumaria de história por aí. Mas isso tudo merece existir: o que importa é que outros profissionais mostrem que é possível fazer diferente!!!
É difícil ouvir das pessoas que os historiadores amam coisas velhas e que nosso lugar é o museu. Se isso tem um fundo de estupidez, não há também um pouco de verdade? Todo o movimento de profissionalização poderá restar inócuo se não houver alguma abertura de nossos cursos para componentes da formação do historiador mais afeitos a capacitá-lo a fim de atuar em outros lugares que podem ser “nossos” também. Além do trabalho a ser feito junto a senadores e deputados pela aprovação do projeto de lei, creio deva haver um trabalho interno à comunidade historiadora, num momento em que assumimos que é preciso discutir sempre a história da História. É dura a herança de que do historiador pode-se esperar verdades, como se só os historiadores pudessem assim o fazer. Não carregamos um fardo aí? Talvez esse fardo fosse uma vantagem no século XIX, mas hoje, no XXI, acho que só vai deixando a História para trás, ensimesmada. Francamente, não sei se essa é nossa vocação. Se formos mais versados, e versáteis, em outras “artes” e modos de dizer a história, não sei, sinceramente, se deixaríamos de ser os profissionais que somos, com uma formação específica de qualidade, assentada em teorias, conceitos e metodologias que nos são próprios, profissionais de quem muita gente gostaria de saber o que têm a dizer e/ou falar sobre muitas coisas.

Bruno Flávio Lontra Fagundes
(Recém-doutor em História, tem experiências com programas de História na Rádio UFMG Educativa)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

XXII CONGRESSO DOS ESTUDANTES DA UFAM

Cooperação e Coletividade Universitária: Meta de Transformação e Conscientização


Local
Auditório Dr. Zerbini – Faculdade de Medicina
18, 19 e 20 de novembro de 2010


Público Alvo
Estudantes da UFAM
Sociedade Amazonense


Realização:
Comissão de Organização
DCE/DRe - Itacoatiara
CECLA
CALLES
CACIEN
CACHA
CEgeo
DAM

Apoio
PROCOMUN
DAEST
SEJUV
Reitoria

Objetivo Geral
Discutir em fórum máximo propostas e deliberações para Movimento Estudantil da UFAM que nortearão o DCE na vigência de um ano.
Objetivos Específicos
Discutir propostas para o DCE;
Deliberar questões para o Movimento Estudantil;
Unir os estudantes  da UFAM em torno da coletividade acadêmica;
Resgatar a importância do Movimento Estudantil da UFAM;
Nortear propostas para gestão anual do DCE. 

Justificativa
O tema abordado pelo Congresso de Estudantes da UFAM é uma reflexão acerca da cooperação e coletividade universitária que compõe a transformação e conscientização acadêmica diante dos vários questionamentos que compõe a Universidade Federal do Amazonas.

Formato
O evento ocorrerá nas dependências da UFAM, com a participação de convidados em mesas redondas. É um congresso para os estudantes discutirem as teses de defesas e as suas devidas propostas para o DCE.  Essas propostas são levadas para apreciação dos delegados, para posterior votação em plenária, cujas deliberações nortearão a gestão do DCE por um ano.

Credenciamento
Dia: 18/11/2010
Local: Auditório Dr. Zerbini
Horário: 9h às 16h
Almoço: 12h às 13 H 30
Abertura do Congresso: 16 H 15

Programação
Dia 19
Local: Auditório Dr. Zerbini
Mesa 1: “Os sentidos da democracia e da participação cívica universitária”
Horário: 08 H 30 às 10H
Convidados: Profa. Arminda Mourão, representante do SINTESAM, representante da ADUA.

Mesa 2: “Movimentos literários e culturais como ferramenta de transformação”
Horário: 10 H  às 11 H 30
Convidados: Prof. Antonino Bacelar, Profa. Michele Brasil, Acadêmico Zé Maria Pinto.


Almoço
12h às 13 H 30


Mesa 3: ” Meio ambiente e o desenvolvimento sustentável “
Horário: 13h30min às 15h
Convidados: Prof. Marcos Frederico, Prof. Jaidione, Prof. Alan Rodrigues, representante da SEMMA, representante do INPA.

Dia 20
Mesa 4:” Movimento social e as novas perspectivas”
Horário: 15h às 16h30min
Convidados: Valéria Acário, Henrique Oliveira, Prof. Otoni Mesquista
Horário: 09 H 00

Mesas temáticas
•    Educação, arte e cultura;
•    Movimento estudantil;
•    Conjuntura Política;
•    Meio Ambiente e o papel da Universidade.


Almoço
12h às 13h30min

Plenária final
Horário: 14 H
E-mail: dce@ufam.edu.br
Telefones:
Aprovação do Estatuto do DC